segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Congestionamentos urbanos: quem paga os custos?

R$ 25 bilhoes anuais é o que a cidade de São Paulo perde com seus congestionamentos, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas.
Até mesmo as pessoas que se deslocam mais a pé (38,1%) pagam ou sofrem as consequências do número excessivo de automóveis nas ruas das cidades.
Vale lembrar que mais 80% da população brasileira é urbana, 70% do espaço público é destinado ao transporte, então todos estão envolvidos no  problema do transporte.
Leia o artigo do jornalista Washington Novaes, e entenda esta questão de maneira mais ampla:
 
[O Estado de S.Paulo] Parece inacreditável, mas o alarme vem das montadoras de automóveis – as mais interessadas em vender seus produtos. Texto de Cleide Silva na edição de 13/8 deste jornal informa que o “excesso de automóveis (mais 80 milhões de veículos no mercado global este ano) já preocupa as montadoras no mundo” e por isso “o trânsito nas megacidades leva fabricantes a incentivar debate sobre saída para o caos”. Nesta mesma hora, o tema mal chega às campanhas para as eleições municipais no Brasil. E em São Paulo, embora documentos da Prefeitura mencionem a possibilidade de instituir a cobrança do pedágio urbano e haja até projeto a esse respeito na Câmara Municipal (Estado, 1.º/8), não há intenção concreta de avançar nesse rumo neste final de gestão.
Professor universitário especialista na matéria, trazido por uma das montadoras, o alemão Michael Schrekenberg impressionou-se com o caos paulistano e chegou a sugerir inspeções rigorosas de veículos para evitar quebras e interrupções no trânsito, controle das emissões de poluentes, ampliação dos acostamentos, criação de faixas exclusivas para carros com mais de uma pessoa, “trens para ligar regiões da metrópole às periféricas”.
As soluções, entretanto, terão de ser rápidas. São Paulo já tem frota de mais de 7,2 milhões de veículos, dos quais 3,8 milhões circulam diariamente. E não há regras para motocicletas. Este ano ficará na capital paulista grande parte dos mais de 3,6 milhões de veículos vendidos no País. O documento da Prefeitura que menciona o pedágio urbano em 233 quilômetros quadrados do centro expandido, com tarifa de R$ 1 (em Londres é de R$ 25), convive com outro da Secretaria de Transportes que prevê para isso investimento de R$ 15 milhões, assim como a construção de três garagens subterrâneas (na gestão municipal de Jânio Quadros, há décadas, foi prevista a construção de 12 garagens subterrâneas, mas só duas foram construídas).
Muito pouco para uma cidade onde a frota cresceu 3% (213,2 mil veículos) em um ano e para um Estado já com 23,5 milhões (1,31 veículo por habitante em São José do Rio Preto, 1,34 em Araçatuba, 1,39 em Ribeirão Preto, 1,41 em Jundiaí, segundo a CartaCapital em 31/7). Uma fila única dos veículos da capital teria mais de 20 mil quilômetros de extensão (Estado, 7/8), embora a rede viária local tenha apenas 17 mil quilômetros. A cidade perde R$ 55 bilhões anuais com congestionamentos, diz a Fundação Getúlio Vargas. No segundo semestre do ano passado, eles atingiram 226,2 quilômetros em um dia. Este ano baixaram para 184,8 (Estado, 9/8). Tecnologias como GPS, imagens de satélites e outras são cada vez mais comuns entre motoristas. Já os agentes municipais de trânsito só têm os próprios olhos para observar menos de 200 das 15 mil vias públicas (15/8). Apesar dos dramas, o Diário Oficial chegou a publicar texto desaconselhando o uso de bicicleta (12/7), alternativa que só cresce em tantos países.
Também fora daqui, a China – que já tem problemas graves com trânsito – implantou 20 mil milhas de vias expressas e 12 rodovias nacionais. Só em Xangai foram 1.500 milhas. Não por acaso, o país já é o maior produtor de carros. E sabe que até 2025 terá de pavimentar 5 bilhões de metros quadrados de rodovias (Foreign Policy, 17/8); até 2025, nada menos que 64% de sua população estará nas cidades (48% em 2010); 22 cidades terão mais de 1 milhão de habitantes. Sua frota de veículos poderá subir para 600 milhões em 2030.
Seria interessante que nossos planejadores/gestores lessem, por exemplo, documentos como A bicicleta e as cidades, do Instituto de Energia e Meio Ambiente (2010), que aponta problemas cruciais. “Prevalece”, diz esse texto, “a visão de que a cidade pode expandir-se continuamente e desconsideram-se os custos de implantação de infraestrutura necessária para dar suporte ao atual padrão de mobilidade, centrado no automóvel, cujos efeitos negativos são distribuídos por toda a sociedade, inclusive entre aqueles que não possuem carros”. Entre os custos, a degradação da qualidade do ar (e seus reflexos nos custos da saúde pública, 5,9% dos orçamentos públicos), a contribuição para o aquecimento global, os desastres no trânsito. Hoje 70% do espaço público já é destinado ao transporte (há poucos anos a Associação Nacional de Transportes Terrestres mencionava 50%), embora apenas de 20% a 40% dos habitantes usem automóveis. As estatísticas do estudo dizem que 38,1% dos deslocamentos diários nas regiões metropolitanas brasileiras são feitos a pé; se forem considerados trajetos feitos em até 15 minutos, os deslocamentos sem automóveis sobem para 70%. Nas regiões metropolitanas como um todo, os deslocamentos em automóveis situam-se em 27,2%; em coletivos, 29,4%; a pé, 38,1%; em motos, 2,5%. E o transporte público no Brasil está em 50% do total, enquanto na Europa chega a mais de 80% (mas nos Estados Unidos a apenas 5%).
Outra consequência nefasta da ocupação do espaço público pelas estruturas viárias – avenidas, túneis, viadutos, etc., nas áreas centrais -, diz o documento, é forçar os habitantes a mudar-se para outras áreas habitáveis, o que, por sua vez, gera a necessidade de urbanização dessas novas áreas – com a pletora de custos que isso implica.
Das questões globais (aquecimento) às econômicas, sociais (injustiça com os setores sociais mais desfavorecidos e taxados pesadamente pelos custos), culturais, fiscais (isenção ou redução de impostos para veículos, sem nenhuma contrapartida), etc., tudo está envolvido nas questões do transporte, já que mais de 80% da população brasileira hoje é urbana. Não precisamos esperar que o drama se agrave, com a frota atual de veículos no País passando dos 37 milhões atuais para 70 milhões no fim desta década. Por mais complicada que seja, essa é uma tarefa para hoje.
Até as montadoras de veículos já sabem disso. 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Palestra: Trânsito: o que é capaz de salvar uma vida?


TRÂNSITO: O QUE É CAPAZ DE SALVAR UMA VIDA?

Palestra disponível para "Semana Nacional do Trânsito" de 18 a 25 de setembro.
Palestrante:
Profª Msc. Êrica Elisa Nickel

Especialista em trânsito com mais de 10 anos de experiência na área de educação para o trânsito. Ministra aulas na pós-graduação em disciplinas pedagógicas e também de educação para o trânsito.
É consultora de projetos educativos para o trânsito e desenvolve materiais didáticos na área.
Contatos por e-mail e blog:
educatransitoericanickel.blogspot.com

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Projeto Cidadania em Trânsito

Educar para um trânsito mais humano e seguro, com foco no comportamento diferenciado das pessoas, é o maior objetivo deste Programa desenvolvido pela Vianello Comunicação, em parceria com a ONG Anamob, Agência Nacional em Mobilidade, que trabalha na área de educação para o trânsito, mobilidade e acessibilidade, sediada em Curitiba.

Este Programa pretende atender alunos da Educação Infantil (pré-escola) ao Ensino Superior, por meio de material didático que trata o trânsito de maneira transversal, nos conteúdos curriculares.
 Joinville é a primeira cidade onde o Projeto foi implantado, por meio de uma parceria entre a Gidion Transporte e Turismo S/A e a Anamob. Há muito tempo a Gidion, que presta serviços de transporte público à cidade de Joinville, tinha o ideal de promover educação para o trânsito para as crianças. Por meio da parceria com o Projeto Cidadania em Trânsito, foi possível customizar um Programa que estivesse alinhado aos ideais da Gidion e às necessidades de Joinville.

Neste Programa, são atendidos alunos do 4º ano das escolas de Ensino Fundamental de Joinville, em Santa Catarina. Para 2013, que pretende ampliar o atendimento também aos alunos do 5º ano.

A meta para 2012 é atender aproximadamente 5 mil alunos da rede de ensino de Joinville. Quer alcançar, em 10 anos, toda a população de Joinville considerando que as crianças são multiplicadoras de boas ideia, informação e comportamento, mas é preciso educá-las ensinando como agir com cidadania e segurança no trânsito.

A consultoria técnica-pedagógica para a elaboração do projeto e implementação foi dada por mim, Êrica Nickel, devido à experiência há 15 anos com educação para o trânsito. Uma experiência maravilhosa!

A Gidion Turismo e Transporte S/A investiu em seu próprio espaço físico para receber as crianças para aulas educativas de trânsito e cidadania. Preparou uma sala de aula toda equipada para as aulas com as crianças.

No pátio da empresa, construiu um Deck educativo, espaço acessível para aulas sobre as boas práticas da Gidion de preservação do meio ambiente. Também criou um Circuito Prático de Trânsito, com ruas, calçadas, sinalização para a prática do comportamento seguro e regras de circulação para o pedestre.

Foi preparado um ônibus exclusivo para o programa, com cinto de segurança e acessibilidade, que busca os alunos e os leva de volta para a escola.

Foi criado, por meio da Vianello Comunicação, um material didático com cartilha e brindes educativos, que é entregue a cada criança no final da aula.

Todo o espaço foi pensado e construído para ter acessibilidade, o que facilita a participação de crianças com deficiência, muitas delas inclusive já participaram do programa este ano.

A aprendizagem das crianças é avaliada ao final da aula e o programa como um todo é acompanhado e avaliado por meio da minha consultoria.

Neste processo, tornaram-se parceiros a Secretaria de Educação de Joinville e a Conurb, que, especialmente, disponibilizou os agentes de trânsito, educadores empenhados e comprometidos com um trânsito mais humano e seguro. Atualmente é a Escola Pública de Trânsito do IITRAN, atual autarquia de trânsito de Joinville, quem assumiu esta parceria.

Esperamos que os resultados possam contribuir para a diminuição de acidentes de trânsito em Joinville a curto, médio e longo prazo. Muito mais do que isto, queremos formar cidadãos que usem o transporte público com cidadania e saibam transitar com segurança, seja como pedestres, ciclistas, ou futuro condutores.

Aguardo seu comentário!