quinta-feira, 26 de julho de 2012

bicicleta: meio de transporte, de promoção à saúde ou fator de acidentes de trânsito?

Projeto da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) revisa trabalhos científicos que abordam o ciclismo como meio de transporte e saúde, além de discutir as questões da segurança no trânsito e da implantação de políticas públicas como fatores primordiais para a segurança do ciclista.
O texto a seguir analisa esses aspectos de maneira inteligente, vale a pena ler!

Ao longo dos anos, a bicicleta deixou de ser brinquedo de criança. Hoje, é considerada um meio de transporte de baixo carbono e benéfico para a saúde, além de ser uma importante ferramenta para o desenvolvimento sustentável do planeta. Mas até que ponto podemos perceber tais benefícios em prol da promoção da saúde? Com esse intuito, os pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Mauren Lopes de Carvalho e Carlos Machado de Freitas desenvolveram o estudo Pedalando em busca de alternativas saudáveis e sustentáveis, uma revisão dos trabalhos científicos que tratam da relação entre o ciclismo como meio de transporte e a saúde pública. A Ensp, por sua vez, também investe no tema, por meio do projeto Pedalando pela sua Saúde, pelo Nosso Planeta, que, desde 2008, incentiva o uso de bicicletas como transporte no campus da Fiocruz. Com isso, a escola se mantém na vanguarda das ideias voltadas para uma visão de saúde pública mais ampla, que inclui qualidade de vida, promoção da saúde, valorização da pessoa, saúde mental e preocupação com a gestão ambiental.

As constantes preocupações mundiais com a situação ambiental, bem como o aumento do sedentarismo nas populações – que provoca doenças coronarianas, diabetes tipo 2 e obesidade infantil, entre outras –, têm estimulado a busca do ciclismo como uma das alternativas para o transporte urbano. “O chamado transporte ativo (TA), ou seja, meios de transporte à propulsão humana (caminhadas, bicicletas, triciclos, patins, skates e até cadeiras de rodas), ganha a cada dia mais adeptos”, destacam Mauren Lopes e Carlos Machado. Segundo os pesquisadores, além de não gerar poluição atmosférica e sonora, o TA ocupa menos espaço físico que os automóveis, apresenta um menor custo econômico e permite a prática da atividade física sem exigir tempo extra diário das pessoas.
Apesar dos benefícios para a promoção da saúde, o uso das bicicletas como meio de transporte pode ampliar o risco de acidentes. No entanto, isso não impede o fortalecimento de políticas públicas de valorização desse veículo em diferentes países. Para investigar essa questão inicial, os autores utilizaram artigos publicados nas bases PubMed, Lilacs e SciELO, das quais selecionaram 66 trabalhos para análise.

Bicicletas pelo mundo

Dos 66 artigos selecionados, 46 abordam diretamente ciclismo e saúde pública e tratam de questões específicas: segurança do ciclista; uso do capacete entre ciclistas; fatores que estimulam ou inibem o uso da bicicleta como meio de transporte; avaliação de programas e políticas públicas específicas para estimular o TA; entre outros assuntos. Já os 20 restantes, que abordam o tema indiretamente, desenvolvem questões mais genéricas: segurança no trânsito, incluindo a segurança de pedestres, ciclistas e motoristas de diferentes veículos; história do controle de lesões de todo tipo, incluindo lesões por acidentes de bicicleta; cidades saudáveis; políticas para integrar saúde e transporte; e efeito da atividade física estruturada e não estruturada sobre a saúde.
Com base nas análises, Mauren Carvalho e Carlos Machado destacam que, nos países da América Latina, América Central e África, a bicicleta é usada como transporte principalmente nas periferias e tem papel importante em pequenos comércios. Além disso, levantamento realizado pela extinta Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes (Geipot), mostrou que aproximadamente dois terços da frota de bicicletas no Brasil é utilizada como modo de transporte de trabalhadores. “Em Bogotá, capital da Colômbia, a implementação de 291,3 quilômetros de ciclovias, além de outras intervenções para favorecer o uso da bicicleta como meio de transporte, foi capaz de atrair usuários de todas as classes sociais. No caso da China, a bicicleta é usada como meio de transporte pela maior parte da população há muitos anos, porém seu uso vem reduzindo com o desenvolvimento econômico e o aumento do número de automóveis”, ressaltam.
Após essa análise, os autores classificaram os artigos em três grandes temas: segurança no trânsito e segurança do ciclista; políticas públicas e intervenções urbanas para promoção da saúde e do ciclismo; e efeitos do exercício físico e do ciclismo na saúde do indivíduo e das populações.

 “A segurança do ciclista depende diretamente da segurança do trânsito”, argumenta Carlos Machado. Segundo ele, isso não pode ser tratado de forma isolada, pois se torna uma política insuficiente. “Há uma urgente necessidade de políticas públicas com intervenções urbanas para promover o uso de bicicletas e educação no trânsito e, assim, favorecer a saúde. Muitas pessoas pensam na bicicleta somente como uma alternativa de lazer. Entretanto, o levantamento comprovou que, no Brasil, em quase 70% dos casos a bicicleta é utilizada como meio de transporte de trabalhadores. Portanto são, simultaneamente, acidentes de trabalho. Obviamente, esses números não estão concentrados nas metrópoles, e sim nas cidades pequenas e periferias das grandes cidades”, alerta.
Machado aponta que, como os países em desenvolvimento concentram a maior parte de acidentes de trânsito fatais, eles apresentam também os maiores percentuais de acidentes de bicicleta no conjunto de tais acidentes. Conforme levantado, “de todos os acidentes de trânsito, a maior parte foi contabilizada na América Latina. Entre eles, 4% a 11% envolvem bicicletas. Os números mundiais apontam ainda que o Canadá e os Estados Unidos somam 1% dos acidentes e, na Europa, esse número gira em torno de 3% a 5%”, esclarece Carlos Machado.
Segundo o pesquisador, o interesse pelo uso de bicicletas tem crescido no Brasil e no mundo. No entanto, não foram encontrados estudos brasileiros, no âmbito da saúde pública, que diagnosticassem e avaliassem este uso como parte de uma política pública saudável e sustentável. “Portanto, com este artigo, buscamos ressaltar a necessidade de conhecer os números do nosso país. Esses dados conectam não apenas o transporte ativo como promoção da saúde, mas de uma promoção da saúde que reduza o número de carros na rua, a poluição, o número de acidentes e muitas outras questões.”
Os autores concluem que o padrão de utilização da bicicleta como meio de transporte ocorre de forma bastante heterogênea, mas com potenciais maiores impactos nos países em desenvolvimento. Assim, recomendam ser necessário um conjunto maior de estudos de avaliação de políticas públicas sobre o uso de bicicletas, já que, do total de 29 trabalhos que trataram do tema políticas públicas, somente seis eram estudos de avaliação. “Consideramos que, a fim de contribuir para a construção de políticas cicloviárias eficientes (otimizando os recursos públicos), eficazes (que promovam o uso da bicicleta como meio de transporte em grande escala, tornando os meios urbanos e a população mais saudáveis) e que garantam efetividade social (oferecendo melhores oportunidades de transportes e com mais segurança, especialmente aos grupos sociais mais vulneráveis), torna-se fundamental o investimento não só em estudos epidemiológicos, mas também em estudos de avaliação de políticas públicas”, encerram.

Mauren Lopes de Carvalho é fisioterapeuta e pesquisadora do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes/Fiocruz). Carlos Machado de Freitas é pesquisador e coordenador do Cepedes/Fiocruz.

Informe Ensp / Agência Fiocruz de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 26/07/2012

Fonte: http://www.ecodebate.com.br/2012/07/26/projeto-revisa-trabalhos-que-abordam-o-ciclismo-como-meio-de-transporte-e-a-saude-publica/

Publicado em 26 de julho por HC

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Congresso Internacional de Trânsito - 2012

Excelente evento, mais de mil pessoas participaram! 
Em Porto Alegre, dos dias 17 a 19, várias cidades do Brasil: Curitiba, Teresina, Belo Horizonte, Palmas, Campo Grande, Porto Alegre, São Paulo, trouxeram suas experiências deste primeiro ano de "Década Mundial de Ações para Segurança no Trânsito" da ONU e OMS.  As cidades mostraram como fizeram suas pesquisas para diagnosticar as principais causas dos acidentes de trânsito e o que têm feito para reduzir acidentes graves e mortes no trânsito.
Durante o evento também conferenciaram representantes da França, Espanha, Argentina, Austrália e posso dizer que o que mais me chamou a atenção foi a maneira como um dos distritos da Austrália vem combatendo há 20 anos os acidentes de trânsito. A estratégia é utilizar campanhas educativas fortes, mostrando o que realmente acontece nos acidentes e o que os causa. O slogan é "Conte a verdade, mostre a realidade". A conferencista foi Janet Dore (CEO da Transport Accidente Commission/Australia). Também aliam às campanhas, a fiscalização e educação para o trânsito.
Pude conhecer muitas pessoas realmente comprometidas com as mudanças no trânsito, preocupadas em realizar um diagnóstico e estatísticas mais eficientes e atacar os problemas de maneira mais pontual. Assim, quem sabe os resultados também se tornam mais eficazes. Muitos estavam lá participando e divulgando seu trabalho de educação para o trânsito, livros publicados, campanhas, etc.
Muito aprendizado e troca de experiências, valeu a pena!



Cidadania: “não seja o DJ do ônibus”


Algumas pessoas gostam de ouvir música pelo celular dentro do ônibus sem fones de ouvido.

O pior é que você pode até ficar longe do indivíduo, mas a música fica “bombando” dentro do ônibus todo, sem piedade.

Então, pensando em educar as pessoas a cidade de Porto Alegre resolveu lançar uma campanha, colocando cartazes dentro dos ônibus urbanos para ver se esta falta de educação diminui. O slogan é “não seja o DJ do ônibus” e a frase que segue é “Respeite os outros passageiros. Use fones de ouvidos para escutar a música de seu gosto. Nem todos apreciam o mesmo estilo musical.”

Achei muito interessante e resolvi fotografar e comentar neste blog.

Quero aproveitar para incrementar as dicas de cidadania no ônibus, para que este espaço seja usado da melhor maneira possível:

no embarque:

·         Tenha sempre à mão o cartão de transporte ou o dinheiro trocado para a passagem, isso agiliza aquelas filas enormes;

·         Respeite a fila ou a vez de chegada para entrar ou sair do ônibus;

·         Dê a sua vez para idosos, gestantes, pessoas com crianças de colo ou pequenas, pessoas deficientes ou com dificuldade para andar. Ajude no que for possível para facilitar o embarque.

Dentro do ônibus:

·         Respeite sempre o motorista;

·         Segure na mão sua mochila ou objetos maiores ao passar na catraca e durante o trajeto;

·         Use as palavras mágicas: com licença, obrigado, desculpe;

·         Não sente nos assentos preferenciais;

·         Quando não há assentos preferenciais suficientes, ofereça o seu lugar; 

·         Se estiver sentado, ofereça ajuda para segurar algum pacote ou bolsa;

·         Evite movimentos bruscos com os braços;

·         “Não seja o DJ do ônibus”;

·         Fale baixo.

No desembarque:

·         Aperte a campainha com antecedência;

·         Dirija-se à porta, ou fique próximo dela somente quando estiver chegando ao ponto de desembarque;

·         Desça os degraus somente quando o ônibus estiver totalmente parado;

·         Use o corrimão e desça sem correr e sem pular degraus;

·         Para atravessar a rua, aguarde o ônibus sair, fique atento e obedeça as regras de trânsito para o pedestre.



Você sabia?

O deslocamento de uma motocicleta emite 16 vezes mais gases causadores do aquecimento global do que o mesmo deslocamento feito por um ônibus.

O número de pessoas transportadas por um único ônibus equivale a 70 carros na rua. Imagine como seria o trânsito se cada pessoa quisesse transitar com seu carro particular!

(Obs: estas dicas foram tiradas da “Cartilha do aluno” do Projeto Cidadania em Trânsito de Joinville – SC)

 Quem quiser aumentar a lista de dicas fique à vontade!!

Até o próximo Blog!

terça-feira, 10 de julho de 2012

Direção e celular: uma combinação perigosa


Dirigir falando ao celular, enviando torpedos ou postando em redes sociais é considerado extremamente perigoso e podem causar acidentes de trânsito, segundo especialistas.

O IBOPE divulgou esta semana uma pesquisa feita em quatro capitais brasileiras, com jovens entre 18 e 24 anos, e constatou que 59% deles postam mensagens enquanto estão dirigindo. O mais interessante é que 80% destes jovens acham isso arriscado. Então o que os faz manter este comportamento de risco?

Na minha opinião há falta de fiscalização e também de conhecimento a respeito dos reais riscos de dirigir e utilizar o celular. Além disso, o Brasil não tem uma cultura de segurança no trânsito e, portanto, falta o incentivo para o desenvolvimento de atitudes preventivas. A carência de informação à população, especialmente aos jovens, vai além de saber a gravidade da infração, pontos na carteira e o quanto isto pode pesar no bolso.

Acreditar que é arriscado é uma coisa, mas conhecer todos os riscos e agir preventivamente é bem outra.

Dirigir utilizando o celular, seja de que maneira for, significa conduzir o veículo com uma venda nos olhos. Segundo o Dr. Dirceu Rodrigues Alves Junior, da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET) “se o motorista estiver a 100 km/h ele terá percorrido 100 a 120 m enquanto está digitando, ou seja, de 4 a 5 segundos, às cegas, sem visão nenhuma do que se passa em torno do veículo”.

Vamos entender melhor o que acontece quando dirigimos e usamos o celular ao mesmo tempo. A capacidade de comunicar-se é uma das mais complexas funções do cérebro humano e que ocupa uma grande parte de sua energia, atenção e sentidos.  Ao falar ao celular ou teclar a pessoa direciona sua atenção quase que totalmente para aquela atividade, pois precisa acionar a memória e articular frases, expressões, emoções e imagens em sua mente para poder comunicar o que quer naquele momento.

Sendo assim, tudo o que se refere ao ato de dirigir passa a ficar secundário e automático, como por exemplo, acelerar ou frear, trocar a marcha, manusear o volante. Todas estas ações já estão automatizadas pelo hábito e pela prática. Porém a pessoa não está concentrada no que está ocorrendo na frente, atrás, ao lado do seu veículo, nos retrovisores. Também não percebe que uma moto se aproxima do seu lado, que um pedestre irá cruzar rapidamente em sua frente, ou mesmo que o semáforo já fechou e ela ainda está acelerando o veículo. Não dá tempo de reagir e evitar acidentes porque a reação física (pisar no freio, por exemplo) depende antes de uma decisão mental, o que implica em pensar nas alternativas seguras e escolher a ação correta. Mas se a cabeça está ocupada decidindo o que escrever ou falar no celular, não dá tempo de evitar o acidente. A atenção concentrada está direcionada ao celular e, portanto, todos os riscos do trânsito não estão sendo percebidos pelo condutor.

Sendo assim, deixo a pergunta para você: o que é tão importante que não pode esperar você parar o carro com segurança para então teclar ou responder a uma chamada telefônica? Será que a pessoa do outro lado vai deixar de ser teu amigo se você não responder na hora?

Conversando com algumas pessoas que eram viciadas em dirigir usando o celular, coletei algumas dicas de como evitar este comportamento perigoso:

·         Deixe o celular em algum lugar em que você não possa vê-lo ou ouví-lo, assim você não fica com a consciência pesada de não ter atendido aquela pessoa na hora.

·         Desligue o celular e retorne as ligações e mensagens depois, que mal isto pode fazer? Alguém vai morrer por causa disso?

·         Pare num lugar seguro, realmente seguro e permitido pela sinalização, para retornar ligações e fazer postagens que “não podem esperar”. E não esqueça que para parar é necessário dar o pisca e fazer todos os procedimentos corretos para não prejudicar os outros motoristas.

·         Questione-se a respeito desta urgência em retornar imediatamente os apelos do celular. Não deixe a tecnologia dominar você, pense na sua segurança. Acostume-se a responder às pessoas, no momento certo, que você não atendeu a ligação porque estava dirigindo e ponto final. Seja um multiplicador de atitudes seguras.

Se alguém tiver outras dicas, é só postar aqui no blog.
Aproveito para deixar este vídeo que mostra o que acontece quando se usa o celular para enviar mensagens enquanto dirige!

Até mais!